No primeiro artigo sobre o aumento da fé cristã, evangélica, no Brasil mostrei algumas razões que levaram a esse resultado. Sem dúvida, a transformação integral da vida, provocada pelos hábitos e valores cristãos, é uma das razões mais poderosas para o crescimento contínuo dessa comunidade. Esse fator também explica para nós o aumento da fé cristã nas periferias, assunto que trataremos neste artigo.
Para entendermos a verdadeira força da comunidade evangélica no Brasil, devemos começar a analisar as periferias, comunidades, muitas vezes, negligenciadas pelo estado e estigmatizadas pela sociedade, onde o povo que ali reside, só encontra ajuda, alento e, de uma certa forma, segurança, dentro da igreja. As igrejas evangélicas dessas localidades, por muitas vezes, galpões sem muita estrutura, têm sido o ponto de esperança, amor e cuidado dessas famílias, pois funcionam como verdadeiros centros de transformação e oferecem desde desde apoio emocional até auxílio material.
Todos sabem que sou nascido e criado no morro do Tempero, em Queimados, cidade do Rio de Janeiro, vivi a minha vida toda em uma comunidade de periferia e sei que é nesses locais que o poder transformador de Deus se manifesta de forma mais clara. Para quem vive em uma comunidade, à margem da sociedade, onde o estado não chega, que não tem saneamento básico, às vezes, água potável, onde falta o básico, somente a fé e o poder de Deus para nos fazer acreditar em dias melhores.
A conversão e o compromisso com uma vida centrada em princípios cristãos, muitas vezes, levam a melhorias palpáveis na qualidade de vida das pessoas. Seja através da superação de vícios, da reconciliação familiar ou mesmo da ascensão social por meio do trabalho e da educação. A fé em Cristo tem sido uma ferramenta poderosa para a mudança social de forma positiva.
Além disso, a igreja oferece um sentido de pertencimento e identidade, algo particularmente importante em comunidades frequentemente desprovidas de outras formas de apoio social e cultural. A igreja nas periferias torna-se um espaço onde as pessoas podem encontrar dignidade, segurança e respeito, muitas vezes, em contraste com a marginalização que enfrentam em outros aspectos de suas vidas.
O crescimento da comunidade cristã evangélica nas periferias é, portanto, um testemunho da força do povo brasileiro que acredita em Deus e na Família. É uma resposta direta às necessidades e desafios específicos dessas comunidades, é um reflexo da relevância duradoura da mensagem cristã evangélica, hoje muito bem representada por um parlamento em sua maioria cristã, composto por pessoas, assim como eu, que jamais imaginavam que chegariam ao legislativo, mas que vem honrando a palavra de Deus e, de certa forma, preocupando alguns segmentos da sociedade, principalmente, aqueles que pregam um falso cuidado com os mais pobres, que falam em nome das minorias, mas só querem se promover em cima delas.
A Narrativa Equivocada: Desconstruindo Mitos
sobre o Crescimento Evangélico
Com isso, uma narrativa preocupante tem ganhado espaço na mídia e entre grupos progressistas, onde pintam o aumento do número de evangélicos como uma ameaça política ou um sinal de alerta para a sociedade. No entanto, essa visão é equivocada, injusta e simplista. Primeiro, é fundamental entender que a expansão da fé cristã evangélica não é um projeto político, mas uma resposta a necessidades espirituais, emocionais e sociais, uma vez que a igreja oferece um espaço seguro de acolhimento, apoio e transformação para pessoas que, muitas vezes, não encontram isso em outros lugares dominados pelo crime, violência e a degradação cultural.
Rotular esse crescimento como uma ameaça é ignorar a complexidade e a diversidade das experiências e motivações que levam as pessoas à fé e a conversão. Além disso, essa narrativa de “politicamente perigoso e fundamentalista”, frequentemente, se baseia em estereótipos e preconceitos. Ela assume que os valores defendidos pela comunidade, como a importância da família e o respeito às tradições, são de alguma forma retrógrados ou problemáticos. No entanto, esses são valores praticados por uma grande parcela da população brasileira e que têm um impacto positivo em termos de organização social e bem-estar emocional.
É verdade que a comunidade evangélica tem se tornado cada vez mais influente no cenário político nacional nas cidades e nas periferias, até porque, como mostra os dados do Datafolha de 2020, 31% da população brasileira se declara evangélica. Porém, essa influência não deve ser automaticamente vista como negativa, uma vez que a fé cristã evangélica oferece uma estrutura moral e ética que pode ser uma força positiva na política para moralizar nossas instituições e combater formas de degradação cultural, especialmente, em um momento em que questões de integridade e caráter estão tão em foco, como a defesa da vida desde a sua concepção.
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Em resumo, a narrativa que estabelece o crescimento da comunidade evangélica como uma ameaça é falha e não reconhece a contribuição positiva que a fé evangélica traz para a vida de milhões de brasileiros e para a sociedade como um todo. Em vez de alimentar divisões e estereótipos, precisamos de um diálogo mais honesto e informado que reconheça a complexidade e a diversidade da experiência evangélica no Brasil, o que mostraremos no próximo artigo, quando abordaremos a fé cristã no Rio de Janeiro, cidade que é considerada como um retrato da pluralidade brasileira.